27 março 2011

-> Nova de Novo

...E enquanto Lindsay rasgava a ultima pagina do seu diário e jogava na lareira, pensava consigo:
-Me livrei de mais uma!
Virou-se e jogou-se no sofá vendo tudo aquilo queimar e achou estranhamente engraçado, estranhamente vazio. 
Pq por mais que cantasse, dissesse que estava incrivelmente bem ela não estava. Na sua vida faltavam hiatos gigantes que ela em sua ignorância não compreendia.
Alisava seus próprios cabelos e pensava sozinha em sua história esquisita. Ah sim! Muito esquisita. 


-Novela mexicana! - gritava sua amiga quando Lindsay começava a recontar tudo pela enésima vez - Deus não foi um cara legal quando escreveu sua vida amiga...


Depois desse terrível tapa na cara, Lindsay desistiu de contar qualquer coisa. O fato era: vida particular, resolva-se sozinha! E pronto. Caia chuva, saia sol as coisas não eram boas quando você tenta conversar e desabafar. Cada um vai interpretar de uma maneira diferente e dar uma solução diferente. E bagunças demais já eram suficientes por enquanto.


Não tendo amiga, tolerância, fato ou importância, e olhando para aquele fogo queimando toda sua dramaturgia, tragédia grega, pensou :


-Na próxima vida venho uma borboleta!


Quando levantou prestes a abrir a porta, tendo a ideia otária de sair para beber, viu no canto sala o que ela em sua pressa de acabar com seu diário havia esquecido. Uma foto. Uma foto que ela colara a tanto tempo. Uma foto  dela frente a uma bela paisagem. E atrás em letras caprichosas (suas letras?Poxa...) estava escrito: Apaixonada e feliz. Daqui até a eternidade!


Olhou aquilo e esquecera-se que algum dia fora tão feliz. Feliz e apaixonada, incrível! Sensacional! Seu cabelo era diferente, com mais vida, seu rosto intenso. E sentiu falta daquilo. 'Daqui até a eternidade...'  E que eternidade era essa que vivia? Deixando tudo e o fogo de coisas imprevisiveis a consumirem? A felicidade não bateria em sua porta e diria: Olá! Vim te fazer companhia!  Felicidade se busca e se conquista. E um sorriso não é difícil de fazer. Sorria e só.


E então, achando sua versão de 10 minutos atrás uma coisa espalhafatosamente ridícula e infeliz, pegou sua bolsa, apagou a lareira, anotou mentalmente: 'Comprar agenda nova!'  Caçou pelo sofá seu celular (O celular! Esquecera que havia uma vida social a cumprir...) procurou o nº de telefone e ligou:


-Amiga? É...sou eu! Não, não morri! Hmm que tal pegar uma praia hoje? Ahn? Quem disse? Eu gosto de praia sim! Esquece tudo... Tah!? Depois podemos ir ao shopping comprar uma penca de roupas novas para sair no fim de semana. Dinheiro? Ñ é problema! Felicidade não tem preço. Para todas as outras use o magnifico Cartão de Credito!

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